ARTIGO - Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito: reflexões sobre o futuro do setor

O Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito, celebrada no mundo inteiro sempre na terceira quinta-feira do mês de outubro, representa a força das pessoas que acreditam em um mundo mais sustentável e inclusivo. A data, comemorada este ano no dia 20, foi instituída pelo Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito (WOCCU, sigla em inglês), e relembra o empenho dos pioneiros na construção dos valores do cooperativismo de crédito, ao mesmo tempo em que comemora o sucesso e o desenvolvimento do setor.

A concepção do cooperativismo de crédito desde os pioneiros de Rochdale, na Inglaterra, que fundaram a primeira cooperativa do mundo em 1844, se baseia no conceito de cooperação mútua. As cooperativas de crédito são sociedades de pessoas que buscam, por meio da união e da intercooperação, prestar serviços financeiros exclusivos em benefício de todos seus associados, que também são donos do negócio. Sempre alicerçado em valores éticos, o cooperativismo de crédito não visa lucros e privilegia o valor pessoal de cada cooperado integrante da sociedade. Além disso, os recursos provenientes das cooperativas são aplicados nas comunidades na qual estão inseridas, o que proporciona o desenvolvimento da região de uma forma equilibrada e sustentável.

Neste contexto, o cooperativismo de crédito tem apresentado um crescimento contínuo nos últimos anos. No atual cenário econômico mundial, o modelo se destaca ao oferecer vantagens e serviços financeiros de uma forma mais simples, rápida e fácil, com taxas e juros mais acessíveis do que os praticados por outros segmentos do setor financeiro. A força do cooperativismo de crédito se consolida cada vez mais diante das questões socioeconômicas do país por estabelecer uma gestão financeira satisfatória em benefício de todos seus cooperados.

Podemos observar a expressão do cooperativismo de crédito no mundo quando vemos os números do setor, principalmente na Europa. Na França, por exemplo, 60% dos recursos financeiros do país são movimentados pelos quatro sistemas de crédito existentes. O francês Credit Agricole, maior banco cooperativo do mundo, atualmente ocupa a 5ª posição na lista dos 50 maiores bancos mundiais em volume de ativos administrados. As cooperativas de crédito do mundo inteiro administram US$ 1,3 trilhão em ativos totais. No Brasil, existem 1.370 cooperativas de crédito que administram ativos em torno de R$ 68,7 bilhões, provenientes de seus 5 milhões de associados. O Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob), o maior sistema do país, possui mais de 2 milhões de associados e quase 2 mil pontos de atendimento.

As cooperativas baseiam-se em valores de ajuda mútua e responsabilidades, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Os conceitos de justiça e equilíbrio das cooperativas de crédito têm despertado o interesse de grandes organizações que ensaiam mudanças em suas atitudes com o intuito de torná-las mais humanas e sustentáveis.

A legislação que rege o cooperativismo de crédito já obteve muitos avanços nos últimos anos, principalmente com a regulamentação da Lei Complementar nº130/2009, que estabeleceu o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC), reconhecendo de forma definitiva o cooperativismo de Crédito como integrante do Sistema Financeiro Nacional, mas ainda existem muitos desafios para garantir o desenvolvimento das cooperativas de crédito do nosso país e a segurança jurídica do setor. A grande meta do segmento é a aprovação da nova lei geral do cooperativismo que tramita no Senado, o PLS 171/99, a qual reorganiza as sociedades cooperativas no Brasil, define o que é o ato cooperativo e retira do setor o peso dos impostos, proporcionando maior competitividade.

O atual governo da Presidente Dilma Roussef já manifestou seu apoio ao setor cooperativista de crédito, demonstrado logo no início do seu governo com a publicação da Lei 12.424/11, que permite às cooperativas de crédito operar no financiamento de habitações e obras previstas no Programa Minha Casa, Minha Vida. O setor também tem o apoio do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que já se posicionou em defesa do segmento e de uma regulamentação específica para o sistema de crédito cooperativo.

O fortalecimento e a expansão do cooperativismo de crédito no país são instrumentos fundamentais para a consolidação de uma nação mais justa e equilibrada. E, para manter vivos os ideais dos pioneiros de Rochdale, é necessária a conscientização de todos sobre a importância da democratização do crédito e desconcentração de renda. O caráter inclusivo do cooperativismo de crédito e de valorização da individualidade do associado são aspectos importantes na construção um país onde as oportunidades de crescimento sejam oferecidas a todos as pessoas, independente de classe social, gênero, cor ou raça.

Os princípios do cooperativismo devem ser preservados para que, no futuro, a realidade socioeconômica de nossos herdeiros tenha como base uma sociedade mais solidária e democrática com valores que busquem uma existência sustentável, o bem-estar social, a independência e autonomia.

Parabéns a todos os cooperativistas de crédito que contribuem para perpetuação dos valores do segmento e colaboram para a construção de um mundo mais justo e equilibrado!

Por José Salvino de Menezes, Presidente do Sicoob Confederação
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